A resposta para a pergunta acima é não. Com base no primeiro período deste artigo, provavelmente o leitor pensará que o resto da leitura será redundante. Contudo, ainda há diversas questões a serem exploradas sobre a relação entre um dos fatores estudados pelo ser humano há séculos e o setor que promove paz aos tempos modernos.
A arte de manejar o solo para produzir alimento à população é uma das atividades mais nobres da agricultura. Contudo, para que isto ocorra de forma produtiva e eficiente, o campo passa por várias turbulências diariamente. Por mais que novas tecnologias tenham sido desenvolvidas nos dias de hoje, a propriedade rural ainda precisa controlar o incontrolável. De um lado, existe a agrometeorologia, impactando diretamente a saúde de qualquer lavoura, por outro lado, uma vez que o setor se encontra em um mercado perfeitamente competitivo, têm-se os preços, oscilando diariamente e afetando diretamente a saúde financeira da propriedade.
Estes dois fatores de risco, portanto, podem ser considerados operacionais e sistêmicos, já que seus choques, exógenos a produção, impactam toda a cadeia rural. Tendo em vista este complexo ambiente de produção, cercado de riscos, dá-se luz às dificuldades da penetração do mercado financeiro e de capitais no setor, dado que o maior risco deve estar atrelado a um maior retorno. Contudo, será que este “maior retorno” cabe nos bolsos do produtor e da produtora rural?
Apesar dos números de financiamento e seguro agrícola nos últimos dois anos estarem aumentando, ainda representam muito pouco do potencial da geração de riquezas do agronegócio nacional. Se forem somados, por exemplo, todo o valor dispendido com o crédito rural (SICOR/BCB) e a importância segurada das apólices agropecuárias negociadas no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR/MAPA), este não representa 13% do PIB do agronegócio brasileiro. Em outras palavras, os produtos financeiros ainda não são competitivos o bastante para que sejam acessados em massa pelo campo nacional.
Um dos catalisadores para que a relação entre o mercado financeiro e de capitais esteja cada vez mais próxima da agricultura é a boa e exata avaliação dos riscos, os mesmos apontados anteriormente. Assim como exposto por Peter L. Bernstein, em sua obra “Desafio aos Deuses”, a concepção moderna dos riscos surge da inquietação do ser humano em aceitar aquilo que, a priori, não pode ser medido. Todos os movimentos históricos da humanidade, desde o avento do sistema de numeração indo-arábico, até os desafios às crenças consagradas no Renascimento, abriram espaço para a ciência do estudo do risco. Esse, uma vez bem compreendido, medido e com suas consequências avaliadas, ditou, e continuam norteando, os rumos da sociedade moderna.
Este magnífico desafio de compreender e medir os riscos atrelados a agricultura, promovendo previsibilidade às operações financeiras, é o papel central da Matriz Brasileira de Risco Agro, a IMBR Agro. Através de seu índice de avaliação e mensuração do risco, o IMBR, calculado para diversas culturas agrícolas e para qualquer gleba rural no Brasil, a startup é capaz de auxiliar instituições financeiras e do mercado de capitais na precificação de seus produtos, viabilizando sua pulverização em escala nacional. Afinal de contas, assim como impelido, em 1952, pelo Nobel Harry Markowitz, da Universidade de Chicago, não se pode deixar todos os ovos em uma única cesta.
O índice de avaliação do risco da IMBR Agro, o IMBR, é calculado por meio de três esferas temporais: i. um histórico de dez anos safras; ii. uma previsão, olhando uma safra a frente; e iii. acompanhamento diário do índice, a fim de avaliar continuamente o risco de quebra da lavoura na safra corrente.
O IMBR é uma combinação de diversos fatores que corroborarão ao risco de se plantar determinada cultura em um determinado local. Em outras palavras, com base no histórico de dez anos, recolhem-se dados diários agrometeorológicos e de mercado, a fim de se medir qual a probabilidade de quebra, a partir de uma combinação de tipo de solo, ciclo do cultivar, data de semeadura e realização, ou não, do hedge do produto rural. Por exemplo, se uma propriedade planta soja em um talhão e seu IMBR é de 80 pontos, antes do início da safra, a instituição tem em mãos uma ferramenta indicando que há 80% de chance de êxito na operação.
Além disso, a partir do início da safra, este índice é projetado para o seu final, sendo, também, recalculado dia a dia, para que a instituição saiba exatamente a qualidade de todos os ativos de sua carteira.
A atividade rural brasileira não pode parar de alimentar o mundo, promovendo paz. Contudo este crescimento precisa ser sustentável e baseado em aumentos de produtividade cujo lastro está na capitalização do campo, seja por financiamento, seja pelo seguro rural. A IMBR Agro entrega o ferramental necessário para que as instituições se apoiem em tecnologia, a fim de que as decisões sejam rápidas, eficientes e seguras.
Com a IMBR Agro, o foco das instituições financeiras e do mercado de capitais passa a ser a consolidação de novos negócios sem precisar se preocupar com seus riscos. Este é o nosso trabalho.